Grupo que usava aeroportos internacionais para enviar drogas à Europa fazia 6 viagens por mês e pagava 5 mil euros em cada, diz PF


Operação nesta sexta-feira cumpriu três mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. Quadrilha usava, além do Aeroporto de Viracopos, os terminais de Guarulhos e Galeão. Chefe não foi localizado e é considerado foragido. A quadrilha, que usava aeroportos internacionais do Brasil para tráfico de drogas e foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) de Campinas (SP), fazia, em média, seis viagens por mês para enviar cocaína para a Europa e pagava 5 mil euros em cada uma delas. A informação foi confirmada pela corporação na manhã desta sexta-feira.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
A operação “BH Connection” cumpriu nesta sexta três mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva em São Paulo e Santa Luzia (MG). O grupo usava, além do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), e o Aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido como Galeão, no Rio de Janeiro.
Durante a investigação, a Polícia Federal identificou pelo menos 19 viagens com partidas destes aeroportos. Entretanto, durante a operação desta sexta, na qual foram apreendidos documentos e dispositivos eletrônicos, a PF identificou mais 14 idas à Europa apenas em dezembro do ano passado.
Até agora, pelo menos quatro integrantes da quadrilha foram identificados e a corporação procura mais pessoas que atuam como transportadores do entorpecente. O mandado de prisão preventiva cumprido nesta sexta-feira é contra o chefe do grupo, que mora em São Paulo, mas não foi encontrado e agora é considerado foragido.
Polícia Federal faz operação contra tráfico internacional de drogas
Divulgação/Polícia Federal
Ainda segundo a Polícia Federal, o grupo, “altamente estruturado”, era especializado em fazer o transporte da droga engolindo as cápsulas. Quando não conseguiam, eles prendiam as porções no corpo.
Os integrantes que tinham função de chefia faziam ainda “capacitações” às pessoas que atuavam como transportadores, conhecidas como “mulas”, para ensinar, entre outras coisas, a engolir a droga e se portar diante de uma fiscalização.
“Existe todo um ensinamento, de como engolir a droga, treinando com uvas, como se portar em uma entrevista, como reagir a uma fiscalização e quando há o alerta vermelho para deixar o aeroporto. (…) Essas pessoas às vezes passam por dificuldades físicas e clínicas e mesmo assim persistem nisso porque é pago aproximadamente 5 mil euros para cada viagem (ida e volta). É muito acima da renda deles, que normalmente estão desempregados”, disse o delegado chefe da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza.
Fiscalização
🔎 A Polícia Federal informou que fechou, desde 2023, o cerco da fiscalização do envio de drogas pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, o que diminui o número de tentativas dos passageiros de tentar passar com entorpecentes no terminal. A corporação faz operações constantes e adquiriu novos equipamentos de fiscalização. Em dois anos, foram 100 flagrantes.
“Eu posso ter um voo com dez engolidos e posso ter tido uma fiscalização que pegou cinco ou seis. Então, pode passar? Claro que pode. Por isso, a gente aumenta a fiscalização. Depois do aumento em Viracopos, o número de tentativas diminuiu”, completou o delegado.
Ainda de acordo com Edson Geraldo de Souza, será inaugurado nesta sexta-feira um equipamento de bodyscanner, doado pelo governo dos Estados Unidos, e que vai ser usado pela primeira vez no Brasil, para intensificar ainda mais a fiscalização em Viracopos.
Droga apreendida pela Polícia Federal em Viracopos em dezembro de 2023
Divulgação/Polícia Federal
A operação
A investigação é na rota dos três aeroportos para a Europa. No caso de Viracopos, o terminal tem voos diários diretos para Orly, na França, e Lisboa, em Portugal.
Duas das três ordens de busca e apreensão foram cumpridas em São Paulo. O outro mandado foi em Santa Luzia (MG). O nome da operação, “BH Connection”, faz referência à sede do comando do grupo, considerando que, durante a investigação, o chefe morava em Belo Horizonte (MG) e só depois mudou para a capital paulista.
A investigação começou a partir de um flagrante realizado pela Polícia Federal na Operação Sentinela, que é a fiscalização realizada dentro de Viracopos contra o tráfico internacional de drogas. No dia 21 de dezembro de 2023, um passageiro tentou embarcar para a França com 1,3 kg de cocaína em 119 cápsulas, sendo parte presa ao corpo e parte ingerida.
Os investigados vão responder por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, com penas que podem chegar a 35 anos de prisão.
VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região| em G1 / SP / Campinas e Região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.