Nesta terça-feira (28), ribeirão transbordou com chuva volumosa e motoristas ficaram presos por causa da água que invadiu a pista nos dois sentidos. Alagamentos na Avenida Adelmo Perdizza são frequentes toda vez que chove
Na manhã desta terça-feira (28), Ribeirão Preto (SP) registrou cerca de 30 milímetros de chuva em uma hora, de acordo com dados do serviço de meteorologia Climatempo. A pancada foi suficiente para alagar vários pontos da cidade, inclusive a Avenida Adelmo Perdizza, importante trecho de ligação da zona Sul em direção ao Centro.
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Como o ribeirão transbordou, a água invadiu os dois sentidos da pista. Motoristas que usaram a alça de acesso da Rodovia Prefeito Duarte Nogueira (Anel Viário Sul) ficaram presos, enquanto outros se arriscaram pelo alagamento ou recorreram à contramão e até mesmo à ciclofaixa para seguir viagem.
Do outro lado, quem seguia em direção à rodovia ou aos bairros também ficou parado. O pedreiro Manoel Barbosa teve problemas com o carro e ficou no prejuízo.
“Provavelmente entrou água no motor a hora que eu passei. Estava passando um caminhão e jogou água para cima do carro. Agora é esperar o guincho, prejuízo”, disse.
Caminhão passa por trecho alagado da Avenida Adelmo Perdizza em Ribeirão Preto, SP
Thaisa Figueiredo/g1
O problema na Avenida Adelmo Perdizza não é novo. Basta uma chuva mais volumosa para o trânsito parar no local.
E mesmo já sem chuva, o nível do ribeirão demorou a voltar ao normal. Por volta das 12h, ainda havia muita água no asfalto.
Barragens sem manutenção
Para conter as enchentes na cidade, a barragem de Santa Tereza, na região da Adelmo Perdizza, foi construída há cerca de 15 anos. Ela deveria controlar o nível e a velocidade da água da chuva, mas, na prática, isso não tem acontecido.
Um dos motivos, segundo o engenheiro civil José Roberto Romero, é a falta de manutenção.
“Nós temos aqui nesse córrego três barragens: Bonfim, Delboux e Santa Tereza. Mas pelo o que a gente viu, elas estão assoreadas, ou seja, a capacidade de armazenamento foi diminuída pela decantação do material que está embaixo. Com isso, ela perde a finalidade que é reduzir a velocidade da água e aumentar a capacidade de armazenamento. A água vai passando e pode provocar os alagamentos.”
Barragem na região da Avenida Adelmo Perdizza está assoreada, segundo engenheiro civil, em Ribeirão Preto, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
A barragem tem capacidade para reter 210 mil metros cúbicos de água e fez parte de uma série de obras do projeto antienchente. A EPTV, afiliada da TV Globo, esteve no local nesta terça-feira e encontrou lixo, como garrafas e sacolas de plástico, galhos secos e terra acumulada.
De acordo com Romero, a limpeza das áreas é uma medida preventiva e efetiva contra alagamentos.
“Isso é uma falta de manutenção preventiva. De tempos em tempos, principalmente na época da seca, precisa fazer a limpeza da calha do rio, na profundidade do rio, retirar o material que está decantado. Na época da seca, o leito está baixo e você retira.”
Motoristas se arriscam pela Avenida Adelmo Perdizza alagada em Ribeirão Preto, SP
Thaisa Figueiredo/g1
Problema comum também na Paschoal Innecchi
A Avenida Cavalheiro Paschoal Innecchi, na zona Norte, é outro ponto conhecido de alagamentos entre os moradores. A chuva registrada no domingo (26) fez o lago subir e o trânsito foi fechado.
Sem ter para escoar toda vez que chove forte, a água invade o asfalto.
“É um ponto crítico, há vários anos ocorre alagamentos. A lagoa está completamente sedimentada, deve estar com uma capacidade de reservação bem diminuída, além de ter dois extravasores pequenos. O que acontece? A água sobe, não tem para onde sair e vem toda para a pista”, diz.
De acordo com Romero, a solução para acabar com os alagamentos na Paschoal Innecchi é aumentar os pontos de saída de água.
“Não seria só aumento da vazão, e sim também a condução dessa água. Só adianta só você aumentar aqui [lagoa] se vai continuar alagando lá para baixo. É um conjunto de medidas.”
Avenida Cavalheiro Paschoal Innecchi foi fechada para o trânsito em Ribeirão Preto, SP, após lagoa transbordar
Reprodução/EPTV
O que diz a prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura informou que faz manutenção nas barragens com frequência, inclusive na de Santa Tereza. Segundo a pasta, o lago da Paschoal Innechi é de responsabilidade do Batalhão Especial da Polícia (Baep), mas que também faz limpeza nele.
Sobre aumentar as saídas de água, ponto citado pelo engenheiro na reportagem, a Secretaria de Infraestrutura respondeu que a gestão avalia o sistema de drenagem para identificar como melhorar e garantir a vazão da água.
A secretaria reforçou que intensificou a fiscalização para evitar que joguem lixo nos córregos, prática que é considerada crime.
Denúncias podem ser feitas pelo telefone 156.
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