O show do Hamas

Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 20 de janeiro de 2025Bashar TALEB

As quatro reféns libertadas pelo Hamas no último sábado, como parte do acordo de cessar-fogo, tiveram que passar por uma última “prova” antes de voltar para Israel: participar de uma encenação que incluiu até mesmo um palco, sobre o qualelas tiveram que acenar e sorrir para uma multidão à sua frente.Assim como as três reféns retornadas na semana passada, as quais foram exibidas como em um desfile pelas ruas de Gaza, Naamá Levy, Daniela Gilboa, Liri Albag e Karina Ariev receberam um “certificado de libertação” assinado pelo Hamas e pela Cruz Vermelha. Tudo devidamente filmado por cinegrafistas do Hamas.

As quatro moças, com idades entre 19 e 20 anos, haviam chegado três dias antes de seu sequestro à base militar de Nahal Oz para iniciar seu serviço militar na função de observadoras de fronteira. O local, que fica a menos de um quilômetro da divisa com Gaza, foi invadido por mais de 100 terroristas no dia 7.10.23. Das 22 soldadas presentes, 15 foram mortas no local e 7 foram sequestradas. Ori Magidish foi resgatada pelo exército israelense e Noa Marciano, levada com vida, foi assassinada em Gaza e seu corpo, encontrado por soldados israelenses em um hospital. Agora espera-se que a quinta observadora sequestrada, Agam Berger, seja libertada no próximo sábado.

Experts em terror psicológico e fake news

Em novembro de 2023, o porta-voz do Hamas havia informado que uma das reféns libertadas nesse sábado, Daniela, fora morta em um bombardeio israelense – o que só foi desmentido no próprio dia de sua libertação. Todas as famílias das reféns permaneceram meses a fio sem nenhuma notícia do destino das quatro. Esse é, aliás, o padrão do Hamas: mesmo hoje, com o acordo de cessar-fogo em andamento, as famílias dos demais 90 sequestrados ainda mantidos em Gaza não sabem se os seus estão vivos ou mortos. Vários vídeos com imagens de reféns visivelmente doentes e emaciados foram divulgados ao longo dos meses. Cada um deles provocou, com razão, uma enorme convulsão dentro da sociedade local.

Ao longo dos 17 anos no comando e sem nunca ter convocado novas eleições, o Hamas transformou o território em uma ditadura terrorista. Desde 2007, provocou uma sequência de guerras com Israel, o qual considera “usurpador das terras palestinas” apesar de o Estado judeu ter sido legitimamente criado pela ONU em 1948. E para obter apoio internacional, o Hamas criou uma indústria de fake news que usa a comoção do mundo externo como arma de guerra – com enorme sucesso. Absolutamente tudo o que o grupo faz e divulga é voltado a influenciar o mundo ocidental, de onde provêm o apoio e a ajuda humanitária que garante sua sobrevivência mesmo em tempos de guerras (conflitos que o próprio Hamas inicia, ano após ano).

A começar pela contagem de civis mortos divulgada pelo “Ministério de Saúde de Gaza”. A mídia internacional divulga o número de 47 mil mortos nesta guerra, sem levar em consideração que: 1. O Hamas não pode ser creditado como fonte; 2. Mesmo que esse número seja real, ele inclui mortes naturais e não relacionadas ao conflito, morte de combatentes do próprio Hamas ou da Jihad Islâmica (estimado pelo Exército de Israel em 20 mil) e também de vítimas dos próprios mísseis falhos disparados a partir de Gaza, que não foram poucos (como os próprios grupos terroristas admitem).

Para corroborar com esses números – e também para confundir o exército israelense –, os combatentes do Hamas lutaram nesta guerra sem uniformes militares. Desde o contra-ataque israelense, eles circularam e combateram vestidos como civis, e só reapareceram uniformizados nas últimas semanas, durante as encenações de entrega dos reféns e, claro, enquanto está em vigência o cessar-fogo.

As encenações de tragédias são outra ferramenta largamente utilizada pelo Hamas, e essa estratégia ganhou até um nome jocoso: Pallywood (mistura de Palestina com Hollywood). Esse é um dos vídeos mais recentes que viralizou mundo afora (https://youtube.com/shorts/EmSZs4-oApM?si=XYgccogLoXbqnMF2).

Já aqui, é possível ver um dos atores palestinos mais atuantes na atual guerra – até ser desmascarado nas mídias sociais.

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