A Agência Internacional de Energia estima que os data centers consumiam entre 1% e 1,3% da energia do planeta em 2022 e que até 2026 esse consumo vai dobrar. O anúncio do presidente americano de um investimento de US$ 500 bilhões no desenvolvimento de inteligência artificial deixou de lado um desafio enorme que essa tecnologia impõe: a necessidade de uma geração colossal de energia elétrica.
Possivelmente você usou hoje o seu navegador de internet para pesquisar alguma coisa. E aí, quando você apertou o “enter”, consumiu energia suficiente para manter uma lâmpada acesa por 17 segundos. Isso porque, para responder a sua pergunta, as empresas mantêm computadores que nunca desligam. Milhões de máquinas espalhadas ao redor do planeta, armazenando e processando informações – e consumindo energia. Muita energia em pequenos, médios ou gigantes data centers como um em Barueri, na Grande São Paulo.
Tiago Eltz, repórter: Fabio, quando a gente fala em consumo de energia, o que a gente está vendo aqui na nossa frente?
Fábio Yanaguita, diretor de energia da Scala Data Centers: Tiago, se a gente pegar esses prédios todos aqui nesse campus inteiro, a gente está falando de um consumo aproximadamente da Zona Metropolitana de Brasília.
Te impressionou? Calma, nesses prédios quase não há clientes processando inteligência artificial. E a explosão da inteligência artificial é alimentada com muita energia.
“O treinamento de um modelo de inteligência artificial costuma levar bastante tempo e consumir muita energia, um grande esforço computacional. Então, às vezes, treinamentos de modelos podem levar de três a cinco meses e consumir um gasto de energia comparável a uma cidade pequena ou médio porte por cerca de um ano”, afirma Denis Bruno Viríssimo, gerente de inteligência artificial do IPT.
O que esperar da inteligência artificial em 2025
A Agência Internacional de Energia estima que os data centers consumiam entre 1% e 1,3% da energia do planeta em 2022 e que até 2026 esse consumo vai dobrar. Em 2023, os data centers respondiam pelo consumo de 4,4% da energia dos Estados Unidos. A estimativa é que esse número possa triplicar até 2028.
A empresa que mantém os data centers em Barueri já começou um projeto de IA no Rio Grande do Sul.
Fábio Yanaguita: É uma cidade de data center dedicada para processamento de inteligência artificial. E aí a gente está falando em uma magnitude dez vezes maior do que a gente está vendo aqui.
Repórter: Então lá posso presumir que vai consumir dez vezes mais energia do que Brasília, se aqui consome Brasília…
Fábio Yanaguita: É praticamente você pegar o estado do Rio de Janeiro inteiro e colocar lá dentro em termos de consumo de energia.
É quase certo que o seu celular já esquentou na sua mão de tanto você usar ou ainda o seu notebook, laptop. Agora imagina esses supercomputadores, ou melhor, centenas de supercomputadores na mesma sala ligados 24 horas por dia sem nunca poder ser desligados. Eles precisam de um sistema de refrigeração muito forte e muito grande. Você deve imaginar também que um sistema de refrigeração grande precisa de muita energia. Manter os computadores ligados consome 75% da energia; 25% são para impedir que eles derretam.
Inteligência artificial: tecnologia demanda geração colossal de energia elétrica
Jornal Nacional/ Reprodução
Além de energia, o resfriamento ainda consome água. Para cada 50 perguntas que a IA responde, é preciso meio litro de água para manter a temperatura dos equipamentos.
A adoção da IA pela população segue em um ritmo muito mais rápido do que aconteceu com os computadores ou a internet. E é nessa velocidade também que o mundo precisa se preparar para esse crescimento.
O Brasil tem uma matriz energética limpa e renovável. Mas, em outros países, a energia para IA vem de combustíveis fósseis.
“É importante você verificar como que você garante o desenvolvimento sustentável da inteligência artificial sem gerar impactos maiores no meio ambiente. A gente tem muita gente pesquisando quais são as melhores viabilidades tanto em termos energéticos. São projetos de pesquisa que ainda estão em desenvolvimento e, com certeza, eu acredito que a gente vai ter essas respostas em breve, esses caminhos mais adequados para seguir nesse desenvolvimento sustentável”, diz Denis Bruno Viríssimo, gerente de inteligência artificial do IPT.
LEIA TAMBÉM
Plano bilionário para setor de IA mostra que Trump vai priorizar relação com grandes empresas de tecnologia; entenda
Trump anuncia investimento de até US$ 500 bilhões em inteligência artificial