Vídeo mostra momento em que enfermeira é ameaçada com pedaço de vidro. Paciente estava internado em UTI há três dias, onde fazia tratamento renal. Paciente em surto é morto após fazer enfermeira de refém em UTI
Um paciente internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Morrinhos, no sul de Goiás, foi morto por um policial militar após fazer uma enfermeira refém e a ameaçar durante um surto psicótico, segundo a Polícia Militar (PM). Um vídeo mostra o momento em que, ameaçada com um pedaço de vidro, a enfermeira consegue afastar o braço do paciente, que foi baleado logo depois, e escapar (veja acima).
O caso aconteceu no sábado (18). Em nota, a Polícia Militar (PM) afirmou que protocolos de gerenciamento de crises foram aplicados para tentar liberar a enfermeira, mas que, mesmo diante das tentativas, foi necessária a realização de um disparo contra o paciente para resguardar a vida da refém. Afirmou ainda que um procedimento administrativo foi instaurado para apurar os fatos (leia na íntegra ao final do texto).
As imagens mostram o momento em que Luiz Claudio Dias, de 59 anos, é baleado. De acordo com informações da PM, o tiro seria para imobilizar o paciente, que ameaçava a enfermeira, mas ele se moveu durante a ação e o tiro acabou perfurando o abdômen.
Após ser baleado, o paciente chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Por telefone, o Hospital Municipal de Morrinhos disse à reportagem que ainda não comentaria sobre o caso.
Enfermeira é feita de refém durante surto psicótico de paciente em UTI de Morrinhos, Goiás
Reprodução/Redes Sociais
Em entrevista ao g1, o prefeito de Morrinhos, Maycllyn Carreiro (PL), afirmou que Luiz Claudio não tinha histórico de surtos psicóticos e que fazia um tratamento renal há três dias. O prefeito disse ainda que casos de surtos durante a internação em uma UTI não são incomuns.
“Não é incomum pacientes terem delírios e, às vezes, surtos, durante os tratamentos na UTI. Só que, esse fato, foi totalmente atípico. Ele [Luiz] se levantou do leito onde estava internado, arrancando os equipamentos e falando de forma totalmente desconexa, correu para banheiro, quebrou o vidro, pegou a enfermeira, que estava saindo do banheiro feminino, a engravatou e colocou o vidro no pescoço dela”, contou o prefeito.
Ainda segundo Maycllyn, os outros membros da equipe médica tentaram dialogar com Luiz Cláudio, mas sem sucesso. Como não conseguiram reverter a situação, os funcionários do hospital acionaram a PM.
O prefeito afirmou que a Prefeitura de Morrinhos lamenta a situação.
Revolta da família
Nas redes sociais, o dentista Luiz Henrique Dias, filho de Luiz Cláudio, postou um vídeo em frente ao Instituto Médico Legal (IMl), enquanto esperava pela liberação do corpo do pai. Ele se diz revoltado com a situação e que soube da morte do pai por vídeos que circularam entre os moradores do município.
“Eu fiquei sabendo que meu pai morreu antes mesmo da equipe médica me falar. Que despreparo desse povo. A dor é grande, mas Deus vai fazer justiça. A polícia matou meu pai dentro de uma UTI, um paciente com hipoglicemia, com menos de 60 kg, fragilizado” desabafou o dentista no vídeo.
Nota da Polícia Militar na íntegra
A Polícia Militar de Goiás informa que, na noite de sábado (18), uma equipe do 36º Batalhão da Polícia Militar atendeu uma ocorrência no Hospital Municipal de Morrinhos, onde um paciente, em surto psicótico, manteve uma técnica de enfermagem refém na UTI, ameaçando-a com um objeto perfurocortante (pedaço de vidro).
Após a chegada dos policiais, foram iniciados protocolos de gerenciamento de crises para liberar a vítima. Apesar das tentativas de verbalização para que o autor liberasse a vítima, ele permaneceu em atitude agressiva e reiterou as ameaças.
Diante do risco iminente à vítima, foi necessário a realização de um disparo de arma de fogo para neutralizar a agressão e resguardar a integridade física da refém.
Mesmo alvejado, o autor continuou resistindo, sendo necessária a sua contenção pelos demais policiais militares. A equipe médica prestou socorro imediato, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A ocorrência foi acompanhada pelo delegado plantonista, que conduzirá as investigações cabíveis.
A Polícia Militar informa, ainda, que foi determinada a instauração de procedimento administrativo para apurar os fatos.