Doença atinge os nervos e faz com que a pessoa infectada perca a sensibilidade em algumas áreas do corpo. Tambaú é a primeira cidade do Brasil a mapear a hanseníase com IA
Tambaú (SP) é a primeira cidade do país a mapear a hanseníase na população jovem e adulta através de Inteligência Artificial (IA).
O mapeamento é realizado por profissionais da rede municipal de saúde em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP).
Para realizar o levantamento na cidade, mais de 15,5 mil pessoas responderam a um questionário com 14 perguntas que foram analisadas por um programa de IA que apontou 464 casos suspeitos para a doença.
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Com esse conhecimento foram diagnosticados 30 casos em dois anos e uma taxa de detecção 7 vezes maior em todo o estado de São Paulo. A hanseníase atinge os nervos e faz com que a pessoa infectada perca a sensibilidade em algumas áreas do corpo.
“Vai se perdendo a sensibilidade ao toque, tato, a dor, ao frio, ao calor, ou seja, é toda aquela sensibilidade que nos faz proteger. Por exemplo, quando a gente pisa numa tachinha tiramos o pé imediatamente, quando encostamos em uma panela quente a gente tira a mãe imediatamente. E isso vai facilitando que tenhamos vários acidentes e lesões na pele e machucados sem que a gente perceba, porque nosso estímulos vão se perdendo” , explicou Marco Andrey, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).
Tambaú é a primeira cidade do Brasil a mapear a hanseníase com IA
EPTV
Diagnóstico
O Brasil é o 2º país com mais casos de hanseníase no mundo. A doença pode afetar homens e mulheres de todas as idades, e a transmissão acontece quando há uma longa exposição aos bacilo mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen.
De acordo com dados do Mistério da Saúde, os principais sinais de sintomas são sensações de formigamento, fisgadas ou dormências nas extremidades, manchas brancas ou avermelhadas na pela com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato, além de diminuição da força muscular.
“Nós estamos trabalhando com uma doença que antes de ser dermatológica, é neural e quando utilizamos os monos filamentos e percebemos como está a sensibilidade da pessoa ao toque e assim conseguimos identificar a sensibilidade dele. Assim, seguimos um roteiro de avaliação e conseguimos identificar um novo caso de hanseníase”, comentou.
A secretária explicou que as seis unidades de saúde do município avaliam as pessoas que vão sendo chamadas.
“Nós avaliamos esses casos através das seis unidades de saúde, todas realizam esse trabalho. Uma vez por semana nos dedicamos somente para essa busca ativa. E anualmente passamos esse questionário de suspensão de hanseníase porque a pessoa que respondeu no ano passado e não tinha dor neural pode estar apresentando com essa dor neste ano”, disse.
O presidente da SBH comentou sobre a importância de estar atento aos sintomas e sinais do corpo.
“As lesões de pele da hanseníase vão aparecer muito tardiamente, por isso é preciso ficar atento aos sintomas antes das lesões de pele aparecer para tratar o mais precoce possível, fazer o tratamento e matar o bacilo enquanto os nervos ainda estão viáveis para recuperar as funções que foram perdidas”, informou.
A secretária de saúde também é enfermeira e acompanha pacientes com a doença desde 1986. Mas a partir de 2023 sentiu a necessidade de ter uma equipe capacitada para acompanhar novos casos.
Os profissionais da saúde de Tambaú passaram por treinamento com Marco Andrey que também é dermatologia hansenologista e professor doutor na USP de Ribeirão Preto.
Tratamento
A secretária de Saúde disse que o Ministério da Saúde realiza o tratamento com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), que cede a medicação. Em uma semana após o tratamento, o paciente deixa de ser um transmissor da doença.
A escriturária Edvana Nepomuceno está em tratamento e procurou ajuda após sentir que tinha algo diferente no pé.
“Sentia uma dormência, o ressecamento da pele, as vezes eu batia em algum lugar, sangrava e não sentia q tinha machucado. Isso me incomodava bastante.
Ela contou que ficou assustada com o diagnóstico no início porque não imaginava que a doença ainda existisse no Brasil e que o assunto é pouco falado. Mas após dois anos de tratamento, a escriturária percebeu uma grande melhora no quadro.
“Percebi a doença tempo a tempo de receber o tratamento e cura e continuar uma vida normal. É preciso ter muita atenção a cada sintoma a cada sinal que tiver no corpo e procure ajuda.”, conclui.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hansenologoia, os sinais e sintomas da hanseníase podem ser confundidos trombose, diabetes, artrite, artrose e fibromialgia. Em caso de suspeita, entre em contato com unidade de saúde de sua cidade.
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