Mulher fica com sequelas após ter Dengue grave no Acre: ‘só tenho meu filho de 15 anos pra cuidar de mim’


Acre decretou emergência em saúde pública por conta do aumento de casos de dengue e síndromes respiratórias (SRAGs), nesta quinta-feira (9). Com mais de 4 mil casos de dengue, Acre decreta situação de emergência em saúde pública
Há quase um ano, a auxiliar de cozinha, Eliana Costa da Silva, 38 anos, vive acamada e com a mobilidade completamente comprometida. Em fevereiro do ano passado, depois de dias de febre e dores pelo corpo, ela fez um exame de sangue e recebeu o diagnóstico de Dengue. (Veja reportagem completa abaixo)
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Sob orientação médica, Eliana voltou pra casa, fez repouso e tomou a medicação recomendada, porém os sintomas não passaram. As condições de saúde dela pioraram e a Dengue evoluiu para grave.
De acordo com ela, em seguida teve uma nova piora. A auxiliar de cozinha foi diagnosticada com enterocolite, uma inflamação no intestino, que desta vez evoluiu para a síndrome de Guillain-barré, uma doença autoimune que paralisa todos os órgãos. Ela ficou quatro meses entubada no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), em Rio Branco.
Em poucas semanas, sua saúde ficou totalmente comprometida com a evolução do quadro clínico.
“Eu fiquei tratando, mas eu não sentia fome, me sentia fraca por não me alimentar, porque eu só tomava água e soro, que foi o que eles passaram. Eu tive diarreia, com rastros de sangue. Após a Dengue várias enfermidades apareceram em mim, inclusive a pneumonia que comprometeu o meu pulmão”, comentou ela.
Após sofrer Dengue grave, Eliana vive acamada com sequelas no Acre
Seronilson Marinheiro/Rede Amazônica Acre
Leia mais
Com mais de 4 mil casos de dengue, Acre decreta situação de emergência em saúde pública
Por conta do aumento nos casos de dengue e SRAGs, Saúde vai decretar situação de emergência no Acre
Menino de 9 anos morre com suspeita de dengue grave em Cruzeiro do Sul; Saúde investiga
Eliana explica que após passar meses entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ao acordar, não conseguia fazer nada, como antes. “Eu fiquei vegetando, só mexia os meus olhos, não tinha tato algum, não mexia minhas pernas, não sentia nada”, afirmou ela.
Há cinco meses, Eliana também aguarda por uma cirurgia para fechar a traqueostomia que ela precisou ser submetida. Sem o procedimento, ela relata ter muita dificuldade para respirar.
“Isso tem piorado e saído muito ar de dentro de mim e esse ar que sai eu fico super cansada e tem vezes que eu fico tonta, com agonia, com ânsia de vômito. Pegaram meus dados, cadastraram, mas até agora o poder público, a Saúde, nada. É a população que tem me ajudado com cestas básicas”, lamentou ela.
Filho precisou deixar a escola
Emocionada, Eliana contou que tinha uma vida bastante ativa e viu tudo ficar de cabeça pra baixo. Ela era a única responsável pelo sustento dos filhos e, atualmente, vive em um pequeno quarto alugado com duas das quatro crianças.
Apesar de receber um benefício do governo federal, ela afirma que o valor não é suficiente para cobrir os gastos diários, que aumentaram muito diante das suas novas condições de saúde. O filho mais velho, de apenas 15 anos, assumiu a responsabilidade de cuidar da mãe e precisou deixar a escola.
“Eu tenho que sustentar os meus filhos, tenho que manter os meus medicamentos, não tô conseguindo manter a alimentação adequada e fazer a dieta que eles dizem. Faço o uso de fraldas constantemente pois sou acamada. O meu filho me tira da cama pra me levar pro banho. Eu só tenho ele pra cuidar de mim, não tenho outra pessoa”, narrou Eliana.
Situação de emergência em saúde pública
O Acre decretou emergência em saúde pública por conta do aumento de casos de dengue e síndromes respiratórias (SRAGs).
A Secretaria de Saúde do estado (Sesacre) publicou, nesta quinta-feira (9), o decreto nº 11.619 que é válido por 90 dias para mobilização de recursos assistenciais para municípios.
Conforme o último boletim das arboviroses, ano passado o Acre registrou 4.036 casos de dengue e a morte de uma criança de 9 anos pela doença. Outros dois casos fatais ainda estão em investigação.
Nessa quarta (8), o secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, havia anunciado que iria decretar situação de emergência. Segundo ele, os casos de dengue registrados ano passado são o principal motivo para a necessidade do decreto.
Ele informou que a medida é necessária para o recebimento de recursos financeiros do governo federal para investimentos em prevenção e tratamentos, com foco no apoio aos municípios que têm menor infraestrutura.
Além disto, uma nota técnica do Ministério da Saúde informou que o tipo 3 do vírus da dengue voltou a circular no país. Não foram detectados casos no Acre, mas a pasta pretende agir de forma preventiva para impedir a circulação.
Até a 49ª semana epidemiológica de 2024, ou seja, até o dia 7 de dezembro, o estado tinha 4.658 casos prováveis. O número é 7,7% maior que o registrado no mesmo período de 2023.
Sintomas de doenças transmitidas por mosquitos
Rodrigo Sanches e Diana Yukari/G1
A dengue pode evoluir para o quadro grave, confira abaixo o sinal vermelho para os casos de dengue:
Sintomas da dengue
Arte/TV Globo
VÍDEOS: g1
Adicionar aos favoritos o Link permanente.