Polícia desmantela esquema nacional de falsificação de carteiras de estudante que movimentava R$ 4 milhões ao ano


Criminosos imitavam modelo da carteira da União Nacional dos Estudantes. Operação começou a partir de prisão em flagrante em Camaragibe. Delegado Carlos Couto fala sobre grupo criminoso que emitia carteiras de estudante falsas
Um grupo criminoso que falsificava carteiras de estudante foi alvo de uma operação da Polícia Civil de Pernambuco, nesta sexta-feira (25). A quadrilha, que tinha atuação nacional, movimentava mais de R$ 4 milhões anualmente, somente no estado de Pernambuco.
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Segundo a Polícia Civil, o grupo era credenciado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) para emitir a carteirinha, chamada de Documento Nacional do Estudante (DNE), mas na verdade vendiam documentos falsos, sem que os estudantes desconfiassem que estavam sendo vítimas de um golpe.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela 14ª vara criminal da Capital. Para isso, 50 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães participam das buscas que ocorrem em Recife, Olinda e Gravatá, no Agreste.
Entre os materiais apreendidos pela polícia estão máquinas para confecção das carteiras, joias, cofres e celulares.
O esquema
Carteiras apreendidas pela operação ‘Half Pass’
Polícia Civil/Divulgação
A investigação que deu origem à operação “Half Pass” foi iniciada em setembro de 2024, quando um casal, morador de Camaragibe, no Grande Recife, procurou a delegacia da cidade para denunciar que, ao tentar comprar ingressos para um show em São Paulo, a empresa responsável pelas vendas informou que a carteira apresentada não era válida.
A partir da denúncia, os policiais foram até os dois pontos onde o casal emitiu os documentos, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), e em um posto de atendimento no bairro da Soledade, área central do Recife. Nos locais, cinco pessoas foram presas em flagrante enquanto confeccionavam as carteiras falsas.
“Em vez de um erro, de um fato isolado, a gente suspeitou de um esquema massivo e conseguimos, no dia 4 de setembro, flagrar seis estudantes – em uma abordagem aleatória – que estavam lá com seus comprovantes de matrícula, documento de identidade, foto… e eles estavam com esse documento que não tem validade”, disse o delegado de Camaragibe.
De acordo com o delegado de Camaragibe, Carlos Couto, o grupo é credenciado pela UNE para a emissão da carteira, mas confeccionavam documentos sem validade legal, por um valor abaixo do praticado nacionalmente pela entidade, e não repassavam valores à UNE.
“Por dia, em alguns cantos, eles produziam 100 carteiras de estudante e, por mês, eles chegavam a faturar 300 mil reais”.
Os documentos verdadeiros possuem um certificado que pode ser acessado através de um QR code impresso na própria carteirinha, com assinatura digital. No caso das carteiras falsas, o QR code existe, mas os dados são inválidos tanto na base de dados da UNE, quanto no portal verdadeiro “Meia-entrada estudantil”, que pode ser acessado no endereço www.meiaentrada.org.br.
“Das cerca de 60 carteiras que a gente pegou e conseguiu analisar, todas eram de estudantes regularmente matriculados. Não tinha nenhuma pessoa que não era estudante que tentou se beneficiar”, explicou o delegado.
Em nota divulgada neste sábado (26), a UNE informou que tomou conhecimento das investigações contra o esquema de falsificação de carteiras de estudante.
Além disso, o órgão afirmou que os documentos oficiais gerados pela instituição são emitidos por meio do site da entidade, cumprindo “todos os requisitos do padrão nacional imposto pela Lei 12.933/2013”, e que se coloca à disposição das autoridades policiais para contribuir com as investigações.
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