Jogador venezuelano acusa paraguaio Bobadilla, do São Paulo, de xenofobia durante partida pela Libertadores


Miguel Navarro afirma que, durante a discussão com Bobadilla, escutou que era um: venezuelano morto de fome. Jogador venezuelano acusa paraguaio Bobadilla, do São Paulo, de xenofobia durante partida pela Libertadores
Reprodução/TV Globo
Um jogador venezuelano Miguel Navarro acusou o meio-campo paraguaio Bobadilla, do São Paulo, de xenofobia durante uma partida da Conmebol Libertadores.
O jogador do São Paulo foi intimado a prestar esclarecimentos à polícia nesta quarta-feira (28) — no centro de treinamento do clube —, mas não foi encontrado. O elenco do time ganhou folga depois da vitória contra o Talleres da Argentina pela Libertadores.
No segundo tempo, o volante paraguaio Damian Bobadilla se desentendeu com o adversário. O venezuelano Miguel Navarro mostrou indignação, chorou e ameaçou sair de campo.
Quando a partida terminou, ele denunciou o atleta do São Paulo por xenofobia. Navarro afirma que, durante a discussão com Bobadilla, escutou que era um: venezuelano morto de fome.
Em crise social e econômica, a Venezuela tem um dos seus piores índices de desenvolvimento humano do continente.
No Morumbi, a polícia colheu o depoimento de Navarro e outros dois jogadores do Talleres — que confirmaram a ofensa.
O árbitro também foi ouvido. Ele não relatou o ocorrido na súmula do jogo. Procurado pelos policiais depois da partida, Bobadilla não foi encontrado no estádio.
A xenofobia é a expressão de ódio e discriminação contra pessoas com base na origem, cultura ou nacionalidade.
O jogador do São Paulo optou por não comparecer à delegacia nesta quarta-feira, mas já combinou com a polícia uma data para prestar depoimento. Ele se manifestou nas redes sociais.
Bobadilla disse que foi ofendido primeiro e que não teve a intenção de discriminar ninguém. Também confirmou que, durante a discussão, acabou reagindo mal. E que gostaria de se desculpar publicamente.
“Todas as condutas serão analisadas pelo delegado de polícia no inquérito policial e eles podem responder, cada um, por um crime diferente. Ou somente uma vítima. E estamos aguardando as imagens e que o autor seja ouvido”, afirmou a delegada Fernanda Herbella.
O venezuelano Navarro retornou para Argentina. O Talleres repudiou o ato de xenofobia e publicou: “o futebol é uma ferramenta de integração, respeito e união entre culturas”.
O São Paulo informou que acompanha a apuração pelas autoridades, e que é contra discriminação, preconceito ou intolerância. O clube prometeu orientar o atleta por meio de medidas educativas.
No Brasil, esse tipo de ofensa se enquadra no crime de racismo. Em caso de condenação, a pena pode chegar a 5 anos de prisão em regime fechado, mais multa.
“Não podemos falar em prisão neste momento, porque as investigações prosseguem. O caso aconteceu na data de ontem, mas ele responderá criminalmente se assim entender a Justiça”, disse a delegada.
Na noite desta quarta-feira (28), a produção do Jornal Nacional confirmou que Bobadilla é aguardado na delegacia na sexta-feira.
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