Defesa do padre nega as acusações. Vítimas dizem ter sido levadas para uma ‘casinha’ na Fundação Terra, onde aconteciam os abusos. Polícia Civil de Pernambuco divulga detalhes sobre investigação de crimes sexuais envolvendo o Padre Airton
Artur Ferraz/g1
A Polícia Civil indiciou quatro pessoas em dois dos cinco inquéritos abertos contra o Padre Airton Freire, acusado de estupro. Esses dois procedimentos foram concluídos pela corporação, que informou que, entre as quatro pessoas indiciadas, uma delas é o religioso e outras duas estão foragidas.
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Padre Airton Freire foi denunciado por cinco pessoas por estupros que teriam sido praticados com a ajuda de funcionários. Nesta quarta-feira (26), a Polícia Civil concedeu uma entrevista coletiva sobre o caso, na sede da corporação, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife.
A investigação foi intitulada Operação Amnom. As pessoas indiciadas pela Polícia Civil são:
Padre Airton Freire: teria abusado e ordenado abusos contra vítimas (preso);
Jailson Leonardo da Silva: motorista suspeito de estuprar a personal stylist Silvia Tavares, que levou o caso a público (foragido);
Landelino Rodrigues da Costa Filho: trabalhava com comunicação e era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos. Não se sabe a participação dele nos crimes (foragido);
Motorista de nome não divulgado: indiciado por falso testemunho. Não há mandado de prisão contra ele.
Padre Airton está preso preventivamente e internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Recife, com “princípio de acidente vascular cerebral (AVC)”. A defesa dele nega as acusações. O g1 entrou em contato com as defesas de Jailson e Landelino, que não se manifestaram até a última atualização desta reportagem.
“São mulheres que não se conhecem, e um homem, também, que detalham de forma emocionada, demonstram dor em relembrar os fatos, e não há nenhum indicativo de que estão inventando, fantasiando algo sobre um homem que, por elas, era tido como um homem santo. Todos os elementos que não podemos dar detalhamento corroboram para essa linha”, disse a delegada Andrezza Gregório, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, no Sertão, responsável pela investigação.
A delegada Fabiana Leandro, diretora do Departamento da Mulher, informou que todas as outras vítimas procuraram a polícia depois que Silvia Tavares foi a público expor o caso.
“Nosso número está à disposição da população para outras vítimas que queiram realizar denúncias, ou testemunhas e colaboradores. O telefone é (81) 9 9488.7082”, disse a delegada.
[Esta reportagem está em atualização]
Denúncias, prisão preventiva e internação: veja cronologia do caso
Relembre o caso
Em maio, a personal stylist Silvia Tavares veio a público denunciar ter sido estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, a mando do Padre Airton, que, segundo ela, se masturbava vendo o abuso. O crime, segundo ela, aconteceu no dia 18 de agosto de 2022.
A igreja, então, suspendeu Padre Airton das atividades religiosas. Padre Airton também pediu afastamento da presidência da Fundação Terra e disse que as acusações são falsas.
O motorista Jailson Leonardo da Silva também se disse inocente, alvo de “denúncias fantasiosas”.
Dois meses depois disso, Padre Airton foi preso preventivamente em Arcoverde.
O Ministério Público, então, informou que havia cinco inquéritos abertos, e que outras vítimas além de Silvia Tavares tinham sido identificadas.
Uma delas é um ex-funcionário do padre, que afirmou ter sido dopado e ter acordado só de cueca numa cadeira. Ele também disse que os abusos eram frequentes.
Uma terceira pessoa foi uma mulher que diz ter sido vítima um ano e meio antes do suposto estupro de Silvia Tavares. Ela afirma que conseguiu escapar. ‘Toda vez que eu olho para um padre, vejo Padre Airton se masturbando’, disse.
Silvia Tavares disse que, depois da denúncia, começou a receber ameaças de morte de seguidores de Padre Airton.
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