
Dados são de monitoramento da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). Apenas no início de 2025, foram 6 casos; último aconteceu em 31 de março, quando mulher foi morta na frente dos filhos. Imagem ilustrativa de mulher vítima de violência.
Geovana Albuquerque/Agência Brasília
O Distrito Federal teve 215 feminicídios em 10 anos – 209 confirmados e 6 sob análise – segundo dados do painel de monitoramento da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). A maioria das mortes aconteceram dentro de casa e por ciúmes.
Apenas neste ano, até 1° de abril, foram seis casos. O último confirmado, foi em 31 de março, quando Maria José Ferreira foi morta pelo companheiro na frente dos filhos.
A Polícia Civil do DF ainda investiga um possível feminicídio que, se confirmado, será o sétimo caso do ano. Na última quarta-feira (2), o corpo de uma mulher que estava desaparecida desde janeiro foi encontrado enterrado em uma área rural de Planaltina. O marido da vítima, com quem ela tinha um relacionamento conturbado, foi preso também na quarta.
Crime anunciado
Segundo a defensora Rafaela Ribeiro Mitre, chefe do Núcleo de Assistência Jurídica de Promoção e Defesa das Mulheres da Defensoria Pública do DF (DPDF), o feminicídio é um crime anunciado, antecedido por diversos atos de violência.
Só nesta última semana, o DF teve diversos casos de violência contra a mulher:
Mulher teve a casa incendiada por ex que não aceitou fim de relacionamento;
Menina de 13 anos foi dopada e estuprada;
Mulher foi sequestrada pelo ex e ficou refém por 20h;
Mulher internada quase foi agredida pelo ex que fingiu ser paciente da mesma UPA;
Mulher teve prótese de silicone arrancada com faca por companheiro.
Rafaela Ribeiro Mitre aponta que vítimas podem ficar presas em um relacionamento devido à dependência financeira, medo e isolamento.
“A gente tem que falar muito dessas violências iniciais. É importante não só a vítima reconhecer isso, como o sistema de Justiça e a rede de proteção dessa mulher, como amigo, familiar, vizinho, intervenha desde esse primeiro ato”, diz a defensora pública.
Motivos e meios para feminicídios
A maioria dos casos de feminicídio no DF foi motivada por ciúmes e, em segundo lugar, término de relacionamento (veja abaixo). A SSP-DF ainda aponta que 71% dos crimes ocorreram no interior de residências.
“Esse cenário reforça a importância da denúncia como ferramenta essencial para a proteção das vítimas”, diz a SSP-DF.
Os dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) mostram que arma branca (objetos usados para agressão, como faca e canivete), foi o principal meio empregado pelos autores para cometer o feminicídio, em 112 casos (veja acima).
Em 30 dos casos a arma de fogo foi utilizada. Já em 6 casos os autores usaram fogo para matar as mulheres.
Regiões Administrativas (RA) com maior número de casos
Sobre os locais dos crimes, Ceilândia é a região administrativa do DF com o maior número de casos, seguida de Samambaia e Santa Maria (veja acima).
Feminicídios em 2025
Seis casos de feminicídio foram registrados no DF nos primeiros meses de 2025. Todas as vítimas eram mães e 80% dos autores dos crimes têm antecedentes criminais.
Assim como no cenário geral, a maioria das mortes foi por arma branca, dentro de casa e por ciúmes.
Relembre os casos:
5 de janeiro: Ana Moura Virtuoso, na Estrutural;
15 de fevereiro: vítima não identificada, entre Taguatinga e Samambaia;
24 de fevereiro: Géssica Moreira de Sousa, em Planaltina;
26 de fevereiro: Ana Rosa Brandão, no Cruzeiro;
29 de março: Dayane Barbosa, na Fercal;
31 de março: Maria José Ferreira, no Recanto das Emas.
A Secretaria de Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) tem canais de atendimento que funcionam 24h. As denúncias e registros de ocorrências podem ser feitos pelos seguintes meios:
Telefone 197 (Polícia Civil)
Telefone 190 (Polícia Militar)
E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
Delegacia mais próxima
Delegacia eletrônica
WhatsApp: (61) 98626-1197
O DF tem duas delegacias especializadas no atendimento à mulher (Deam), na Asa Sul e em Ceilândia, mas os casos podem ser denunciados em qualquer unidade.
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM)
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul
Telefones: (61) 3207-6172
Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II)
Endereço: QNM 2, Conjunto G, Área Especial, Ceilândia Centro
Telefone: (61) 3207-7391
O Ministérios das Mulheres tem uma Central de Atendimento à mulher, que pode ser contatada 24h através do telefone 180. A central ajuda com registro e orientações sobre denúncias.
Medidas protetivas
A defensora Rafaela Ribeiro Mitre explica que as mulheres não necessitam de um fato que é considerado crime para solicitar uma medida protetiva.
Segundo o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), a medida protetiva pode ser solicitada através da Polícia Civil: na Delegacia da Mulher ou na Delegacia de Polícia mais próxima, pelo site da Delegacia Eletrônica, ou pelo número 197 (opção 3).
A autoridade policial registrará o pedido e irá remetê-lo ao juiz(a), que deverá apreciar este requerimento em até 48 horas.
Assistência Jurídica da Defensoria Pública
O Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) oferece assistência jurídica e orientação.
Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, Bloco 4
Horário: de segunda a sexta, das 13h às 18h (dias úteis)
Contato: 129 ou (61) 3465-8200
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