
O delegado Aden Claus, que lidera as investigações sobre a morte de Ricardo Godói, detalhou ao ND Mais o exame feito pelo influenciador para a anestesia geral, que ele utilizou para fazer uma tatuagem nas costas no último dia 20 de janeiro.
O influenciador morto durante anestesia teria feito apenas exame de sangue, o Conselho Federal de Medicina recomenda o estudo do histórico clínico do paciente pelo médico anestesista, a fim de solicitar exames para uma avaliação completa, mas não detalha a obrigatoriedade de nenhum deles especificamente.

O influenciador morto durante anestesia queria tatuar as costas – Foto: @ricardo.godoi.oficial/Instagram/ND
“Para os procedimentos eletivos, recomenda-se que a consulta pré-anestésica do paciente seja realizada em consultório médico, antes da admissão na unidade hospitalar, sendo que nesta ocasião o médico anestesista poderá solicitar exames complementares e/ou avaliação por outros especialistas, desde que baseado na condição clínica do paciente e no procedimento proposto”, traz a resolução.
De acordo com médico anestesista Ricardo Zanlorenzi, a avaliação pré-anestésica, a depender do que o paciente usa, é necessário partir por uma investigação adicional, mas não há um protocolo específico.
“Agora, se o paciente não fala que ele usa, não tem como a gente saber, a gente sabe que não existem doses seguras para o uso externo, estrogênio, esteroides ou anabolizantes. Então, se a gente sabe que o paciente faz uso de esteroides anabolizantes, dependendo da dose, a gente, às vezes, encaminha para um cardiologista, para ele fazer uma avaliação mais legal e detalhada”, explica.

Ricardo Godói deveria ter informado que fazia uso de anabolizantes – Foto: @ricardo.godoi.oficial/Instagram/ND
Por meio de nota, o estúdio por onde Godói iria fazer a tatuagem informou que contratou um médico com experiência em intubação. “Ele teve a documentação aprovada pelo hospital. Foram solicitados previamente exames de sangue, que não apontaram nenhum risco explícito a realização do procedimento”, traz a nota.
Influenciador morto durante anestesia deveria ter feito outros exames?
Ainda de acordo com Zanlorenzi, atualmente não há um protocolo específico para o uso de anestesia geral, tudo depende da idade e condições do paciente, avaliada pelo médico.
“O Ricardo pela idade dele, pelas condições, provavelmente ele não precisava de nenhum exame adicional, até porque ele não falou que era usuário de esteroides anabolizantes, isso é o que foi concluído, inclusive a família negou até depois ele morrer. Só depois que foram assumir. Então não teria como fazer uma investigação adicional”, explica.

Influenciador morto em janeiro sofria de hipertrofia no coração, apontou laudo – Foto: Reprodução/Freepik/ND
A família contou que Godói havia parado o uso de anabolizante 5 meses antes do procedimento. O médico reforça que não há quantidades seguras para o uso de asteroides anabolizantes e que estes medicamentos aumentam as chances de doenças cardiovasculares.
O médico reforça ainda a recomendação da Sociedade de Anestesiologia de Santa Catarina de não pedir excessos de exames a pacientes, pois isso pode acarretar falsos positivos. “É preciso ter uma condição adicional para solicitar os exames, se não há indícios, não podemos solicitar”, explica.
Godói tinha hipertrofia no coração
O exame pericial atestou que o influenciador tinha hipertrofia no coração, que é o crescimento anormal de um músculo. Conforme confirmado pelo delegado responsável pelo caso ao ND Mais, o laudo médico de Godói utiliza o termo HVE (Hipertrofia Ventricular Esquerda) para classificar a condição sofrida pela vítima.
Na certidão de óbito, as causas da morte são paradas respiratória e cardíaca devido ao uso de anabolizantes. A família confirmou que ele já utilizou a substância, porém o influenciador teria parado 5 meses antes do procedimento.
O uso de anabolizantes busca a hipertrofia, ou seja, o aumento muscular. Em conversa com o ND Mais, o médico anestesista Ricardo Zanlorenzi disse que existem medidas que devem ser adotadas quando um paciente apresenta a condição.
“A partir desse grau, a gente vai utilizar monitores mais invasivos, vai mudar as doses das medicações e até mesmo contraindicar alguma anestesia. Mas temos que saber que o paciente usa para conseguir investigar”, completou.