Neste começo de 2025, Guaíra, Nuporanga, Rifaina e Pontal têm índices acima de 300 casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Sertãozinho lidera casos de dengue no início de 2025
Reprodução/EPTV
Se 2024 foi um ano com recordes em relação à dengue na região de Ribeirão Preto e Franca, 2025 demonstra que a situação pode ser ainda pior. A principal causa apontada por especialistas é a circulação do sorotipo 3 do vírus, que não era predominante desde 2008. Dessa forma, grande parte da população não tem imunidade contra a doença.
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Até 21 de janeiro, foram registrados 1.939 casos e 10 mortes suspeitas nas cidades da área de cobertura da EPTV Ribeirão (veja tabela abaixo). Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e foram contabilizados pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES).
Em 2024, o estado de São Paulo registrou o maior número de casos da série histórica de dengue, com 2 milhões de moradores infectados e 2 mil óbitos.
Acabar com criadouros ainda é a principal forma de prevenção contra a dengue
Divulgação/Prefeitura de Ribeirão Preto
Ainda não é possível fazer uma comparação com o mesmo período de 2024, já que muitos casos suspeitos seguem em análise. Além disso, os dados são coletados diariamente pelos postos de saúde, registrados no Sinan e, posteriormente, inseridos nos sistemas da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e das prefeituras. Esse processo operacional pode ocasionar divergências momentâneas nos números oficiais.
Até o momento, segundo o Sinan, há 5.365 casos suspeitos de dengue sendo investigados. Cidades como Sertãozinho (SP), Nuporanga (SP), Guaíra (SP), Rifaina (SP) e Pontal (SP) possuem os piores índices da região, que superam 300 casos para cada 100 mil habitantes.
Sertãozinho lidera a lista
Até o momento, Sertãozinho é o município com mais casos, chegando a mais de 600 confirmações da doença, o que acende um alerta máximo. Atualmente, três óbitos estão sendo investigados. Renan Urize, secretário de Saúde do município, atribui a situação à falta de ações preventivas durante a seca e à reintrodução do sorotipo 3.
“É um número assustador: tínhamos cinco casos confirmados no mesmo período do ano passado e hoje temos 675. No ano passado, esse número foi registrado apenas em maio. É como quando cai a chuva esperada para um mês em um único dia. Isso aumenta a procura nos pronto atendimentos, o tempo de espera, a demanda por exames. É um sinal de alerta, muita gente com dengue em um curto espaço de tempo”.
Sertãozinho, SP, tem média de 200 pacientes com sintomas de dengue por dia
Para conter a crise, a Secretaria de Saúde de Sertãozinho ampliou o trabalho de visita às casas, a aplicação de nebulização e de larvicida nos bueiros. Também foi criada uma unidade de atendimento específica para a dengue com funcionamento das 7h às 22h.
Ainda assim, com a quantidade de atendimentos necessários, já que a dengue necessita de acompanhamento diário, a tendência é a demora nos atendimentos e a superlotação da saúde pública e privada.
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Franca com baixo índice
Com nove casos confirmados, de acordo com os dados do estado, Franca (SP) chama atenção por ser uma das que possuem o menor índice da doença em 2025, o que representa 2,54 casos para cada 100 mil habitantes. No ano passado, a cidade registrou 9.524 casos e 20 mortes.
De acordo com a prefeitura, além da campanha de vacinação para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, agentes têm percorrido os bairros visitando casas e estabelecimentos comerciais diariamente para verificar os espaços e orientar a população.
No último sábado (18), moradores de 11 bairros da região Oeste, entre a Vila São Sebastião e o Jardim Martins, participaram do primeiro arrastão do ano. Segundo a prefeitura, 9,6 toneladas de materiais foram recolhidos com o objetivo de combater focos do mosquito Aedes aegypti.
Proprietários de 125 terrenos foram notificados para que façam a limpeza dos lotes no prazo de 15 dias.
Larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue
Reprodução/EPTV
Mudanças climáticas também contribuem
Para o infectologista da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP), Fernando Belíssimo Rodrigues, as mudanças climáticas podem contribuir para um ambiente mais propício à proliferação do mosquito.
“Quando a gente tinha, no passado, invernos mais rigorosos, o que acontecia é os mosquitos desapareciam no inverno. Com o final da chuva, levava-se três, quatro meses para ter uma massa crítica de mosquito. Hoje isso não acontece mais porque nós não temos mais inverno e estão tendo casos agora, já no fim do ano, quando era para ter em fevereiro, março”, disse.
Atualmente, existem quatro sorotipos da dengue em circulação no Brasil. Isso significa que uma pessoa pode contrair a doença até quatro vezes na vida. Uma situação agravante é quando um mesmo indivíduo é infectado por mais de um sorotipo, o que aumenta o risco de complicações, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
Os sintomas são os mesmos, em todos os casos, ainda que algumas pessoas possam ter sintomas leves ou até mesmo serem assintomáticas.
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