Obesidade feminina: entenda por que alguns períodos pedem mais atenção às mulheres


Fases como puberdade, gravidez/pós-parto e menopausa exigem cuidados extras com o
peso devido a questões hormonais. Andrea mantém cuidados regulares para controle do peso.
Arquivo pessoal
Andrea Levy, 50 anos, psicóloga, convive com a obesidade desde a infância e passou por uma cirurgia bariátrica aos 25 anos. Hoje, ela percebe a obesidade e seus impactos por diferentes ângulos: além da experiência como paciente, ela auxilia por meio do trabalho quem passa pelo processo. Ao longo do tempo, ela conviveu com diferentes particularidades relacionadas ao cuidado com o peso vividas pelas mulheres.
Como uma doença crônica (mesmo após a cirurgia podem ocorrer reganhos de peso), complexa e multifatorial¹, a obesidade exige cuidado contínuo, o que Andrea leva muito a sério em sua jornada. Após fazer a cirurgia, ela eliminou 60kg e, desde então, segue todas as recomendações médicas, tudo com acompanhamento regular.
“Eu tive e tenho obesidade desde que nasci. Quando fiz bariátrica emagreci 60kg e me controlo. Sigo o tratamento indicado pelo meu médico, faço atividade fisica e tenho uma alimentação saudável, tudo o que devo fazer”, conta a psicóloga.
Andrea conta que chegou a pesar 143kg e hoje consegue se manter entre 80 e 82kg. Ter se especializado no assunto tem auxiliado na própria maneira de lidar com a doença e a compreender que cada fase da vida exige um tipo de cuidado, especialmente pelas questões hormonais².
“A gente oscila, ainda mais sendo mulher, na menopausa. Nunca voltei para os 100kg, mas controlo (o peso) e sei que pode subir rapidamente. Trabalhar com isso ajuda a ter essa noção. Estudo muito sobre obesidade e os transtornos alimentares”, conta.
“Claro que não sou perfeita, mas sei bem o que deve ser feito e o que não deve ser feito. Procuro seguir a risca tudo que oriento, procuro seguir fazendo pra mim”, explica.
Para conscientizar sobre a obesidade e ajudar pessoas impactadas pela doença, a psicóloga fundou a ONG Obesidade Brasil, ao lado de outros profissionais. Além de levar informação e combater o preconceito, o propósito é ampliar o acesso com a divulgação de centros públicos e gratuitos de tratamento.
“A gente sempre diz isso: busque ajuda. Quanto mais precocemente, melhor. Sabemos
que é uma doença progressiva, e no momento temos várias ferramentas para o tratamento”, completa.
Obesidade tem particularidades em pacientes mulheres
Médica da Unidade de Lípides do Instituto do Coração da FMUSP e do Check-up e Cardiologia Molecular do Grupo Fleury, a cardiologista Viviane Giraldez vê uma grande evolução no tratamento nos últimos anos. Olhar para obesidade como doença, reconhecida assim pela Organização Mundial de Saúde¹, é importantíssimo nesse processo.
“É importante ter essa noção de que a obesidade é uma doença crônica com uma série de consequências, mas é uma doença tratável. Hoje, a pessoa que quer iniciar essa jornada de perda de peso pode se sentir muito mais aliviada, o arsenal farmacológico é muito mais seguro e muito mais eficaz”, avalia, destacando ainda os avanços nas cirurgias bariátricas.
O tratamento, reforça a médica, deve ser associado ao que chama de pedra fundamental: dieta adequada e exercícios físicos. Pacientes mulheres também precisam levar em consideração algumas particularidades e redobrar os cuidados em três fases ou situações: puberdade, gravidez/pós-parto e depois da menopausa.
“É claro que a obesidade pode acontecer em períodos diferentes, mas esses são três momentos da vida da mulher em que ela acontece com particular frequência. E existe um cuidado no manejo da obesidade nesses períodos”, destaca, citando variações hormonais, variação de humor e apetite.
As características também mudam. Enquanto nos homens é comum o acúmulo de gordura, nas mulheres há um armazenamento maior na região dos quadris, coxas e nádegas, influência dos hormônios femininos. Para elas, a chance de acúmulo visceral aumenta na menopausa, o que também aumenta os riscos.
“É quando existe a transição de uma proteção hormonal da mulher para uma uma ausência dessa proteção. Então, existe aí um pico de desenvolvimento de doenças cardiovasculares no grupo feminino, e a obesidade associada a esses fatores é um fator de risco bastante importante”, explica a médica.
Embora os problemas também incidam em homens que desenvolvem a doença, há riscos particulares às mulheres, como síndrome dos ovários policísticos, aumento da produção de andrógenos, diabetes e hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, e parto prematuro, além de câncer de mama e endométrio. O impacto na saúde mental também tende a ser maior.
“Existe um grande impacto porque existe uma grande pressão da sociedade em relação ao seu físico. Estar com obesidade para a mulher tem um impacto muito negativo nesse aspecto, isso aumenta grandemente o risco de ansiedade, depressão, e existe um ciclo que se retroalimenta, contribuindo para aumentar ainda mais a obesidade da mulher”.
De acordo com a pesquisa Vigitel 2023, realizada pelo Ministério da Saúde, a doença atinge 20% das mulheres, enquanto o índice de sobrepeso é de 53%³.
O importante é começar
A obesidade é uma doença crônica e que pode trazer outros problemas de saúde. Por isso, buscar ajuda médica é fundamental para alcançar bons resultados. Não é uma jornada fácil, mas o importante é começar. Assista ao vídeo e inspire-se:
Meu peso, Minha Jornada
Faz parte desse grupo e quer iniciar uma jornada de perda de peso? Acesse o site Meu peso, Minha Jornada para calcular seu IMC. e encontre um médico especializado.
BR24OB00287
Referências:
1. Obesity and overweight. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight. Acesso em: 27/11/2024
2. Menopausa marca processo de mudanças físicas e mentais. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/janeiro/menopausa-marca-processo-de-mudancas-fisicas-e-mentais Acesso em 27.11.2024
3.Valores aproximados para a população em geral, tendo como base a VIGITEL 2023 (Vigitel Brasil 2023 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Ministério da Saúde). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigitel/vigitel-brasil-2023-vigilancia-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencas-cronicas-por-inquerito-telefonico/view Acesso em 27.11.2024
Adicionar aos favoritos o Link permanente.