Orçamento das universidades federais em PE teve redução de R$ 128 milhões em dez anos, dizem reitores


Somente entre 2023 e 2024, redução do orçamento das UFs em Pernambuco foi de mais de R$ 61,6 milhões. Reitores de instituições federais de ensino fizeram coletiva de imprensa no Recife
Iris Costa/g1
Reitores das universidades federais (UFs) em Pernambuco se pronunciaram, nesta sexta feira (3), sobre a situação orçamentária das instituições para o ano de 2024. De acordo com eles, em dez anos, desde 2014, o valor destinado pelo governo federal ao custeio dessas instituições foi reduzido em mais de R$ 128 milhões.
Somente entre 2023 e 2024, a redução do orçamento das UFs em Pernambuco foi de mais de R$ 61,6 milhões, saindo de R$ 332,7 milhões para R$ 271,1 milhões. Foi uma diminuição de 18,5%. Os gestores temem que a verba não seja suficiente para que as universidades possam fechar o ano.
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Os reitores Alferdo Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Marcelo Carneiro Leão, da Universidade Federal Rural de Pernambuco(UFRPE); Telio Nobre Leite, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); e Airon Aparecido da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco(Ufape), conversaram com a imprensa na Faculdade de Direito do Recife, na Boa Vista, área central da capital.
De acordo com os gestores, o orçamento aprovado para o exercício de 2024 não é suficiente para cumprir os contratos para a manutenção da estrutura das universidades, como limpeza, segurança, infraestrutura e alimentação.
Para fechar o ano com custeio mínimo, os reitores reivindicam os seguintes aumentos:
UFPE: R$ 60 milhões;
UFRPE: R$ 13 milhões;
Univasf: R$ 13 milhões;
Ufape: R$ 3,5 milhões.
Segundo Alfredo Gomes, em 2024, as quatro universidades federais no estado receberam, juntas, cerca de R$ 128 milhões a menos que em 2014, época em que a Ufape ainda não tinha sido implementada.
“Nós temos o orçamento em 2014, de aproximadamente 399 milhões, para financiar três universidades. Em 2024, dez anos depois, o orçamento, agora com uma quarta universidade federal, está na ordem de 271 milhões. Tivemos uma queda, uma redução de praticamente quase R$ 130 milhões”, disse Alfredo Gomes, reitor da UFPE.
A situação da Univasf é ainda mais complicada, porque a Lei Orçamentária Anual (LOA) não trouxe previsão de orçamento para a assistência estudantil.
A verba é utilizada para custear bolsas para os estudantes se manterem na instituição. Por conta disso, recursos foram remanejados de outras áreas. Segundo o reitor Telio Nobre, a Univasf aguarda o envio do valor pelo governo federal.
Greve nas federais
No momento, os professores e técnicos administrativos da UFPE, UFRPE e do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) estão em greve. Os professores da Ufape e os técnicos da Univasf também estão paralisados.
O movimento segue uma mobilização nacional que reivindica reestruturação de carreira, recomposição salarial e orçamentária e revogação de normas aprovadas nos governos Temer (MDB) e Bolsonaro (PL).
Ao menos, 52 universidades e 79 institutos federais no Brasil estão em greve, de acordo com um levantamento realizado pelo g1 (saiba o que diz o governo federal sobre as reivindicações da categoria).
Greve das federais reflete década de desfinanciamento e demandas reprimidas
De acordo com sindicatos e associações que representam os técnicos e professores das instituições, o funcionalismo público federal tem sofrido com um arrocho salarial.
Segundo a Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), por exemplo, quando considerada a inflação, os professores do ensino superior perderam 39,92% em relação ao que recebiam em 2010.
A Adufepe também informou que:
O governo federal negou reajuste reajuste salarial para 2024 e ofereceu 4,5% para 2025 e o mesmo percentual para 2026;
Os professores das instituições federais tentaram negociar um reajuste de 22,71% ao longo de três anos;
A proposta da categoria é que esse reajuste reivindicado seja dividido em três parcelas iguais de 7,06%, com pagamento a partir de maio de 2024;
O governo federal não aceitou a proposta e “segue sem ceder para um aumento neste ano”.
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