
Animais juvenis passam cerca de 3,2 anos na ilha e depois migram para o litoral de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Resultados fazem parte de 35 anos de pesquisas sobre a espécie. Pesquisadores realizam estudo das tartarugas-de-pente em Fernando de Noronha
Os pesquisadores do Centro Tamar divulgaram uma análise sobre a ecologia e os parâmetros demográficos das tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) em Fernando de Noronha. Segundo o levantamento, as tartarugas permanecem pelo menos 3,2 anos na ilha, com alguns casos e que a permanência na região chegou a 14 anos – demonstrando “fidelidade” ao habitat do arquipélago.
Os parâmetros demográficos são medidas numéricas que descrevem características da população dos animais monitorados. Foram feitos registros dos animais e coleta de tecido para análise de genética nas praias e no mar (veja vídeo acima) .
Os animais estudados foram capturados pelo menos duas vezes pelos pesquisadores. Os resultados do estudo fazem parte de 35 anos de estudo que apontam a importância da região como habitat de alimentação da espécie e revelaram detalhes surpreendentes sobre comportamento, crescimento e rotas migratórias de animais juvenis da espécie.
Outro dado considerado relevante é o crescimento médio anual das tartarugas, que é de 3,4 cm. Esse ritmo diminui conforme os animais aumentam de tamanho.
A estimativa indica que as tartarugas-de-pente precisam de 14 a 18 anos para atingir o tamanho mínimo necessário para reprodução, que é aproximadamente 74 cm.
O estudo indica que as tartarugas-de-pente juvenis encontradas em Noronha têm tamanhos comparáveis aos observados em outras populações no Atlântico. O comprimento curvilíneo da carapaça na primeira captura variou entre 28 e 84 cm, com uma média de 44,6 cm.
Os pesquisadores afirmam que a constância no tamanho médio das tartarugas ao longo das décadas de pesquisa é um dos fatores que ajudam a compreender a dinâmica populacional.
“Este estudo tem sido essencial para entender a ecologia desse importante habitat de desenvolvimento”, informou o oceanógrafo Cláudio Bellini, coordenador do Centro Tamar.
Migração
Pesquisadores do Centro Tamar realizam pesquisa em Noronha
Flávio Costa/Centro Tamar
As tartarugas-de-pente usam Noronha para passar uma temporada importante da vida. Parte da população de juvenis migra para o litoral brasileiro após atingir tamanho reprodutivo.
Esses animais migram para a costa pernambucana e para o Rio Grande do Norte. Nesses locais reproduzem e não retornam para Fernando de Noronha.
“A migração reforça a importância de desenvolver um programa contínuo de marcação, captura e recaptura para observações futuras dos movimentos migratórios regionais”, declarou Bellini.
Segundo o pesquisador, o trabalho indica a necessidade de proteger o Arquipélago de Fernando de Noronha para garantir que a região continue sendo um refúgio para a conservação das tartarugas-de-pente, espécie ameaçada de extinção.
As informações geradas pelo estudo são importantes para subsidiar ações de manejo e proteção ambiental.
“Os resultados destacam o papel central de Noronha para os esforços de conservação marinha e inspiram futuras iniciativas para preservar a biodiversidade do Brasil”, explicou Cláudio Beliini.
Além da tartaruga-de-pente, em Fernando de Noronha também ocorre a tartaruga-verde, que tem nome científico Chelonia mydas. Nessa temporada foi contabilizado um recorde, com mais de 500 ninhos.
O Centro Tamar é uma entidade que faz parte do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio). Em Fernando de Noronha, as tartarugas também são monitoradas e pesquisadas pela Fundação Projeto Tamar, organização não governamental que trabalha em parceria com o Centro Tamar.
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