
Corte volta a analisar a ação que questiona a atuação da polícia em operações em comunidades do Rio de Janeiro. Relator apresentou voto em fevereiro, mas ministros buscam construir tese conjunta, de consenso. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, anunciou nesta quinta-feira (3) que os magistrados chegaram a um consenso sobre a proposta de tese para a chamada ‘ADPF das Favelas’, a ação que questiona a violência policial nas operações em comunidades do Rio de Janeiro.
Relator do caso, o ministro Edson Fachin votou em fevereiro para reconhecer o “estado de coisas inconstitucional”, ou seja, que há violação de direitos humanos na segurança pública do estado e para determinar uma série de medidas ao governo local.
Os ministros, no entanto, buscam construir consensos para uma nova proposta de tese, que vai orientar e padronizar a aplicação da decisão da Corte. Com isso, é possível que haja mudanças na proposta inicial do relator.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), acompanham a sessão plenária. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também está no STF.
STF começa a julgar “ADPF das Favelas”
O g1 explica os detalhes do processo.
Validade de ações da polícia
Os ministros analisam um processo que discute as incursões da polícia em comunidades do Rio de Janeiro.
A Corte iniciou a deliberação do caso em novembro do ano passado, com uma sessão dedicada a ouvir os participantes do processo. A sessão foi acompanhada pelo governador do Rio, Cláudio Castro, e pela família da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
O tema voltou à pauta do tribunal em fevereiro deste ano, com o voto do relator Edson Fachin.
Ação
A chamada “ADPF das Favelas” foi apresentada em novembro de 2019 pelo PSB e entidades de direitos humanos.
O grupo apontou uma sistemática violação de direitos previstos na Constituição durante as ações das forças de segurança nas comunidades do estado.
Eles pediram, ainda:
a consolidação de medidas como o plano de diminuição das mortes causadas pelos policiais;
a proibição do uso de helicópteros nas incursões;
regras para buscas nas casas dos moradores;
preservação de vestígios no caso de crimes cometidos durante as operações;
restrições a operações no período escolar; e
restrições ao uso de unidades de saúde e de ensino como bases operacionais.
Tramitação
Ao longo da tramitação, o Supremo tomou uma série de decisões:
Agora, os ministros analisam o conteúdo (o mérito da ação). Vão avaliar diretamente se a conduta da área de segurança do estado viola princípios constitucionais.
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AGÊNCIA BRASIL
Voto do relator
Em fevereiro, o ministro Edson Fachin apresentou seu voto aos colegas. O magistrado considerou que há um “estado de coisas inconstitucional” na segurança pública do estado.
Com esta declaração, o tribunal reconhece que há violação sistemática e massiva de direitos humanos dos cidadãos. Pode, então, estabelecer que o poder público tome providências.
O ministro sugeriu as seguintes medidas:
“O que se espera é a redução paulatina e constante dos índices de letalidade policiais em parâmetros que possam ser considerados proporcionais ao contexto do estado”, disse Fachin quando apresentou seu voto.
No entanto, ao longo das últimas semanas, os ministros vêm buscando consensos para a construção de uma tese que contemple todos os seus posicionamentos. Com isso, a proposta do relator pode ser alterada.
Posição do governo do Rio
O governo do Rio de Janeiro tem sustentado, ao longo do processo, que atua para reduzir as mortes nestas incursões e nega irregularidades.
Construção de tese
Na sessão desta quinta-feira, os ministros devem voltar a discutir o tema. Nas últimas semanas, os magistrados fizeram reuniões para aperfeiçoar o texto, buscando construir uma tese em conjunto, de forma a que todas as posições apresentadas durante os debates sejam contempladas.